sexta-feira, agosto 31
flash
entre a placidez e a meditação,
linhas sem crispações,
suavidade espelhada em ondulação pouca...
céus, que inveja...
metáforas
não vale...
quinta-feira, agosto 9
metáforas
quarta-feira, agosto 8
minusculissimos
Tinha mais dunas e nenhuma palmeira, a praia que fizeram sua.
O mar estava mesmo ali, à beira de um esticar de braços - e não experimentaram tocá-lo.
Ficaram sentados nas dunas, a encherem-se de areia, rindo dos grãos que se esgueiravam pela roupa.
Tinha mais dunas e mais vento, a praia que fizeram sua.
Recostados na inclinação arenosa, escorregando devagar, avistando-se o mar e com vista para dentro. Tapete de Atlântico, pontilhada de milhões de minúsculos grãos de areia, pequeninos, dourados, aderentes à pele, num remanso docemente rido.
Tinha mais dunas e muita areia, a praia que fizeram sua.
Muita areia, mas não como a da ampulheta ou dos grãozinhos que páram os mecanismos.
Minusculissimos grãos de areia, tão pequenos que o tempo passou sem marca, eles mesmos provindos de outras eras, guardadores de segredos e sonhos.
Tinha mais dunas e mais sonhos, a praia que fizeram sua.
Sonho de alongar o sentar, recostar, aninhar, falar e rir. De caminhar mais tempo com saltos altos nas mãos. Sonhos de parar o tempo a olhar o mar. Sonhos de olhar o mar sem tempo.
Tinha mais dunas e nenhuma palmeira, a praia que os fez mais um do outro.
E muitos, milhões infinitos, minusculissimos grãos de areia.
ob-sessão
Há um novelo de ideias e imagens que me persegue.
Fica mesmo ob, em frente.
Diante do pensamento, como que postado ali.
Flutua nos eventos.
Desliza suavemente nas coisas.
Reaparece nas frases ouvidas, por acaso.
Emerge dos risos e da paisagem.
Em modo de sessão contínua, no descontinuado da vida.
A tentativa de o esquecer ou deixar de lado é figurativa.
E não menos obsessiva por isso.
terça-feira, agosto 7
à flor da pele
domingo, agosto 5
Flash
pelos tempos
quinta-feira, agosto 2
"Se alguma coisa há que esta vida tem para nós, e, salvo a mesma vida, tenhamos que agradecer aos Deuses, é o dom de nos desconhecermos: de nos desconhecermos a nós mesmos e de nos desconhecermos uns aos outros...
A alma humana é um abismo obscuro e viscoso, um poço que se não usa na superfície do mundo. Ninguém se amaria a si mesmo se deveras se conhecesse, e assim, não havendo a vaidade, que é o sangue da vida espiritual, morreríamos na alma de anemia. Ninguém conhece outro, e ainda bem que o não conhece, e, se o conhecesse, conheceria nele, ainda que mãe, mulher ou filho, o íntimo, metafísico inimigo. Entendemo-nos porque nos ignoramos..."
Fernando Pessoa
Livro do Desassossego
Percebo-o mas não consigo partilhar o entendimento satisfeito, pelo dom de se desconhecer.
O que não discorda de entender que não nos conheçamos realmente, que nos surpreendemos conosco e com as coisas errantes que nos habitam.
Todavia, esta constatação não desprimora do talento de se re-conhecer.
Mesmo em tons sombrios, ou sobretudo neles.
Particularmente quando apetecia ser mais isto ou menos aquilo.
quarta-feira, agosto 1
Flash
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