segunda-feira, outubro 15

timoneira


Existir traz embutida em si a possibilidade.

Não interessa exatamente o que aconteceu ou o que me trouxe aqui.

Vivo a possibilidade.

É exatamente ela, que ainda que engane (ou eu me engane a lê-la) me é substantiva porque inerente a ser, porque traz em si o mundo, a vida, o que vem.

Sei o que quero, mesmo quando não sei onde devo ancorar.

Faço viagens de muitas idas e vindas, com tantas esquinas e encruzilhadas que, algumas vezes, quase me perdi. Não me aflige... e não me incomoda não saber em que mar vou lançar, temporariamente, âncora. Vivo a possibilidade de ser timoneira de mim.


2 comentários:

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

Se eu não existisse, apenas era. Era, como um ser embutido aí no charco dos seres, cheio de definições de ser. Como existo, ainda posso ser. Como ainda me resta um pouco de existir, posso alijar a carga do ser, aligeirar o grude do ser que se me cola à pele e voar, voar, voar, tentado com o infinito. Andando, voando, navegando por aqui e ali, ao sabor do não saber, viajo errante, e me perdi. Perdido estou, eu não quero encontrar-me, não quero voltar ao reflexo de mim que deixei preso ao chão e que me atrai para nos fundirmos no completo não ser.

Esvoaçante disse...

Fantástico... o sintónico, claro. E que ao ler, se reprojecte o ser que se procura.