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tatuado
na pele e na alma
traz-se consigo o que mais importa
quando se acolhe em si,
espraia-se no que o habita
... por sobre o labirinto, pois que, numa fase mais precoce ou em tempo posterior, Dédalo descobre que pode voar.
Existir traz embutida em si a possibilidade.
Não interessa exatamente o que aconteceu ou o que me trouxe aqui.
Vivo a possibilidade.
É exatamente ela, que ainda que engane (ou eu me engane a lê-la) me é substantiva porque inerente a ser, porque traz em si o mundo, a vida, o que vem.
Sei o que quero, mesmo quando não sei onde devo ancorar.
Faço viagens de muitas idas e vindas, com tantas esquinas e encruzilhadas que, algumas vezes, quase me perdi. Não me aflige... e não me incomoda não saber em que mar vou lançar, temporariamente, âncora. Vivo a possibilidade de ser timoneira de mim.
Muitas, muitas coisas gostaria de ter dito.
Imagino que aconteça a muitas pessoas.
Mas dizer coisas certas de maneira perfeita não é fácil.
É preciso talento.
É preciso afinco.
É preciso parar em frente ao mar.
É preciso estar diante de si mesmo e perceber que nem entendemos o que é isso.
É preciso muita coisa num rastilho curto de tempo.
Com tanto "é preciso", há-se, por força, de sair im-perfeito.
Como eu.
Que muitas, muitas coisas gostaria de ter dito.