sábado, julho 21
flash back
É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
Cecília Meireles
O trilho não me precede, segue-me, consoante o faço. Ainda que algo pudesse guiar-me, apenas a minha sombra segue comigo, na vertigem de todos os abismos. Do sentido interior da viagem, quando se está quase a chegar é então que a viagem (re)começa.
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