A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio
algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.
(Alexandre O'Neill)
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de parafraseio... (em "Voo de Dédalo")
A meu favor...
tenho o vento que ruma para sul
olhares recheados que o tempo mantem
palavras ternas, de tom indelével;
tenho a ira e a indignação
a capacidade de se incendiar
florestas sombrias de clareiras solarengas
aqui e agora,
como ali e depois
tenho a meu favor
a teimosia persistente em não se deixar vencer
a deliberada rota de viagens em si
a cartografia dos afectos
do amor e da zanga, do riso e da raiva
dos voos e quedas,
do acto falhado transformado em ganho.
a meu favor
o favor de mim
(Esvoaçante)
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de paráfrase em paráfrase...
A meu favor
tenho o sótão cheio de memórias
o jardim do imaginário prenhe
das aventuras que hão-de vir,
tenho mil prateleiras a abarrotar
com os livros que vou ler
e outras tantas vazias
à espera dos que vou escrever;
tenho uma barcaça
no cais da esperança
e a água mansa e queda
à espera que me faça ao mar.
A meu favor
tenho o tempo
que me resta...
Maria
2 comentários:
Foi no blog da Maria que vi, em primeiro lugar, os vossos modos de parafrasear. Belíssimos. E então, sem chegar perto da tamanha beleza dos vossos, tentei o meu.
A meu favor
tenho a existência dos selos
pela qual posso influenciar a minha.
Não me saem do pensamento
os selos que nunca vi
e aqueles que estão sempre à minha frente.
E os novos, flor da vida que tenho.
A meu favor
reflectem-me as cartas que entrego
o mais puro contacto entre sombras
que, em harmonia, se iluminam.
O cheiro da tinta, folha e envelope
e da cola de cada selo
é o balsamo dos portos
que dão rumo ao céu dos sonhos.
A meu favor
e a favor dos que vierem comigo.
Ora, levei para «cima», para o hall de entrada...
E cada um colocando um pouco do seu olhar não fica (mais) fantástico?
:)**
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