sábado, novembro 10
esvoaçar de volta
regresso...
que de voo em voo,
lá se tende a esvoaçar de volta,
como quem re-torna ao lugar do crime.
há um estranho conforto em sítios que se conhecem,
particularmente quando são labirintos de si.
há um peculiar consolo em imagens que se identificam,
singularmente pois que nenhuma roupa se veste tão bem como a roupa antiga.
por isso, regresso
e fecho este espaço.
como uma etapa.
terça-feira, outubro 16
in fact
segunda-feira, outubro 15
modos de olhar
timoneira
Existir traz embutida em si a possibilidade.
Não interessa exatamente o que aconteceu ou o que me trouxe aqui.
Vivo a possibilidade.
É exatamente ela, que ainda que engane (ou eu me engane a lê-la) me é substantiva porque inerente a ser, porque traz em si o mundo, a vida, o que vem.
Sei o que quero, mesmo quando não sei onde devo ancorar.
Faço viagens de muitas idas e vindas, com tantas esquinas e encruzilhadas que, algumas vezes, quase me perdi. Não me aflige... e não me incomoda não saber em que mar vou lançar, temporariamente, âncora. Vivo a possibilidade de ser timoneira de mim.
sexta-feira, outubro 5
talvez não seja...
Muitas, muitas coisas gostaria de ter dito.
Imagino que aconteça a muitas pessoas.
Mas dizer coisas certas de maneira perfeita não é fácil.
É preciso talento.
É preciso afinco.
É preciso parar em frente ao mar.
É preciso estar diante de si mesmo e perceber que nem entendemos o que é isso.
É preciso muita coisa num rastilho curto de tempo.
Com tanto "é preciso", há-se, por força, de sair im-perfeito.
Como eu.
Que muitas, muitas coisas gostaria de ter dito.
segunda-feira, outubro 1
the gold dress
Flash
domingo, setembro 16
sexta-feira, agosto 31
flash
metáforas
não vale...
quinta-feira, agosto 9
metáforas
quarta-feira, agosto 8
minusculissimos
Tinha mais dunas e nenhuma palmeira, a praia que fizeram sua.
O mar estava mesmo ali, à beira de um esticar de braços - e não experimentaram tocá-lo.
Ficaram sentados nas dunas, a encherem-se de areia, rindo dos grãos que se esgueiravam pela roupa.
Tinha mais dunas e mais vento, a praia que fizeram sua.
Recostados na inclinação arenosa, escorregando devagar, avistando-se o mar e com vista para dentro. Tapete de Atlântico, pontilhada de milhões de minúsculos grãos de areia, pequeninos, dourados, aderentes à pele, num remanso docemente rido.
Tinha mais dunas e muita areia, a praia que fizeram sua.
Muita areia, mas não como a da ampulheta ou dos grãozinhos que páram os mecanismos.
Minusculissimos grãos de areia, tão pequenos que o tempo passou sem marca, eles mesmos provindos de outras eras, guardadores de segredos e sonhos.
Tinha mais dunas e mais sonhos, a praia que fizeram sua.
Sonho de alongar o sentar, recostar, aninhar, falar e rir. De caminhar mais tempo com saltos altos nas mãos. Sonhos de parar o tempo a olhar o mar. Sonhos de olhar o mar sem tempo.
Tinha mais dunas e nenhuma palmeira, a praia que os fez mais um do outro.
E muitos, milhões infinitos, minusculissimos grãos de areia.
ob-sessão
Há um novelo de ideias e imagens que me persegue.
Fica mesmo ob, em frente.
Diante do pensamento, como que postado ali.
Flutua nos eventos.
Desliza suavemente nas coisas.
Reaparece nas frases ouvidas, por acaso.
Emerge dos risos e da paisagem.
Em modo de sessão contínua, no descontinuado da vida.
A tentativa de o esquecer ou deixar de lado é figurativa.
E não menos obsessiva por isso.